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O Embondeiro e o professor

embodeiraPor Davambe.

Lá onde nasci dá muito dessas arvores com nome de embondeiro, são enormes, largos e compridos, se olhar para cima é capaz de cair de costas sem ver onde terminam os galhos. As pessoas gostam de conversarem debaixo daquela arvore, minha mãe dizia que elas estavam se confessando. Eu achava estranho, como uma pessoa pode se confessar diante de uma árvore?

Um dia, aconteceu algo estranho, eu vi a dona Havana uma professora primária se aproximando da arvore com um saco de carvão, juntou alguns gravetos em seguida  deitou o carvão, acendeu uma fogueira, não entendi coloquei as mãos no rosto. Antes mesmo de eu tirar as mãos do rosto, vi o professor Umérito que lecionava no Estado e em seguida a professora Zilda que ensinava na universidade Federal se juntou a eles. Conversavam e riam às gargalhadas como hienas fazem a noite, na verdade nunca vi as hienas gargalharem, só sei pelo que meu pai me falou. O mais velho sempre tem razão, não é?. Bem os três continuavam conversando alto. A professora Zilda era baixinha, os mais velhos diziam que para ser aluno dela tinha que estudar muito, mas muito mesmo a ponto de perder a namorada. Quem estudava na federal não tinha tempo para namorar nem para pescar, muito menos para dançar em baile, também, tinha a recompensa de sair com profissão de cuidar de flora ou fauna, sei lá, essas coisas de gente grande.

Eu que sou curioso aproximei-me do embondeiro e dos três professores, quando me viram ficaram quietos. Desejaram-me boas vindas, mas maneiraram o jeito de falar, falava para dentro bem baixinho.

– O Município paga mais, isso lá é verdade,  dizia;

– Mas o vale refeição do estado é duas vezes maior que da federal

– O professor federal ganha menos que o Municipal, dizia outro.

– Você já imaginou o que é alfabetizar alguém?

– Ah, tá bom e a iniciação científica é fácil ensinar?

– Ora bolas, todas as fases são difíceis.

Eu não entendia aquela conversa de gente grande debaixo de embondeiro. Fiquei confuso, sem saber como era se confessar naquela arvore enorme.

A boa parte mesmo foi quando começaram a aparecerem as primeiras batatas doce assadas na fogueira da professora Havana. Sai dali animado para ser aluno da professora Havana, ela sabia assar a batata do jeito que eu gosto, mas quando cheguei em casa quase apanho da minha mãe. Ela me disse que eu não tinha idade para ir para escola. Outra coisa que chateou a minha mamãe foi que eu andei escutando a confissão dos professores, eu merecia uma palmada. Minha sorte é a lei que manda não bater nos pequenos.

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