Por Jahmaycon
Tenho duas situações na minha vida em que aprendi valiosas lições que jamais foram esquecidas, que sempre serão repassadas. Aprendi que para educar uma criança (ou até mesmo um adulto) bastam algumas palavras duras. Lembro das palavras ditas, da forma como foram ditas e o impacto que tiveram. Nunca mais fiz algo parecido e sempre fiz a minha parte para alertar a quem, como eu, faz algo errado sem ter noção do erro. As duas situações aconteceram quando eu era menino, menino grande, já com uns 12 ou 13 anos, ainda ingênuo, que se deixava levar por atitudes alheias.
Na primeira situação, saí com meus amigos para caminhar numa noite de ano novo. Já passados os festejos da virada, saímos para perambular pelas ruas do bairro. Tínhamos em nossas mãos uma caixa de bombinhas. De início, apenas acendíamos e jogávamos pro alto para ver estourar, até que alguém achou uma garrafa de vidro vazia jogada na sarjeta e teve a brilhante ideia de colocar a bombinha dentro. A garrafa se espatifou em incontáveis pedaços. Já éramos grandes o suficiente para termos o cuidado de, na dúvida do que aconteceria, termos ficado longe o suficiente para não sermos atingidos pelos estilhaços.
Não tardou, a mente começou a trabalhar à procura de outros objetos que pudessem ser destruídos pelas bombinhas. Na época era moda as casas terem caixas de correio de plástico amarelas. Começamos a colocar a bombinha dentro delas. Acredito que destruímos pelo menos uma dezena.
Na segunda, os mesmos amigos jogavam futebol no campinho de terra do bairro. De repente dois deles se desentenderam, discutiram e quase saíram no soco. Nossa atitude, ao contrário do esperado, foi atiçar os dois na tentativa de que brigassem de fato. Felizmente não fomos bem sucedidos na tarefa.
As lições vieram ambas logo após findaram os ilícitos. Na situação da briga entre os amigos, foi uma vizinha quem deu a bronca. Ela acompanhava a cena de dentro do seu quintal e foi até a cerca para nos repreender. Suas palavras foram firmes, mas com muito respeito. O mais relevante do que ela disse foi o fato de que nos dizíamos amigos, mas ao invés de apaziguar, agíamos de modo inverso, causando desunião. Fiquei tocado por aquelas palavras e sou influenciado por elas até hoje.
A segunda lição foi ainda mais importante, não só pelo que foi ensinado, mas pela pessoa que me ensinou. Ainda no mesmo dia em que estouramos as caixinhas de correio, meu irmão mais velho me deu uma senhora bronca. A questão principal alertada por ele é o fato de que as caixas tinham utilidade e eu estava lesando os donos. Portanto, sou influenciado até hoje por aquelas palavras também.
São coisas simples que todo mundo deveria levar em consideração: unir os amigos e respeitar o que é dos outros. Mas acima de tudo, aprendi a fazer sempre a coisa certa que é respeitar todo mundo e seguir a cultura de paz.