Por J.J.Magodana
O Leão foi convidado a almoçar com os elefantes, afinal era dia de festas, véspera do ano novo. Durante o saborear de frescas carnes o Leão sente que fraturou o dente, não demonstra inquietação e decide engoli-lo. Engoliu o dente e também a satisfação que sentia de estar na recepção. Emudeceu, sentiu o dente a viajar da garganta para o estômago. Desgostou-se, tomou mais um gole de vinho para colaborar na viagem. Ficou tão incomodado e nervoso que assim que terminou o almoço saiu correndo para se certificar do acontecido. Quando voltou ao seu local de trabalho, começou a distribuir inquietação entre as equipes. Resmungou e ruminou o suficiente para o desespero de quem precisava se concentrar em suas atividades. Não estava disposto a continuar. Deixou a labuta e regressou a casa. Chegando lá tirou a prótese e deixou sobre a escrivaninha. Ausentou-se em busca de refresco, estava muito quente. Quando voltou, encontrou o cachorrinho em cima da cadeira a comer a prótese dentária. O Leão correu para pegar o Cachorrinho, mas este, percebendo o perigo, saiu correndo com o aparelho.
– Maldito, maldito. – Disse ele desesperadamente.
Espumou de raiva e nojo. Não podia mais pensar em encostar aquele aparelho em sua boca. Rugiu. A janela estremeceu. O Cachorrinho latiu deixando a prótese cair. Desapareceu pelo corredor. O Leão mal podia falar com a família. A tristeza tomou conta, envolvendo-o e isolando-o cada vez mais. Ele era de pouco falar. O aparelho estava inutilizado, deixando o bravo animal parvo.
– Nossa tu tá assim por causa dessa coisa? Comentou a Leoa.
O Leão nada disse, virou-se e começou a ler o jornal.
No dia seguinte apareceu no escritório, mal podia pisar o chão. Estava tão irritado que não conseguia falar sobre os negócios da lavoura, traçou-se no seu habitat. O problema foi transferido de casa para o trabalho criando mal estar entre os seus funcionários. Ele ruminou o dia inteiro. Ficava atacado e todos achavam estranho seu comportamento, até que se abriu com o Tigre. Através da janelinha ficaram a conversar.
Assim que o Tigre descobriu o motivo de tanta inquietação, saiu correndo a espalhar a noticia do dente do Leão entre os funcionários:
– Não vai acreditar, o Leão ficou sem dentes, disse ele.
– O quê? Perguntou a Gazela entusiasmada. Chefe sem dente?
A noticia correu a fábrica e todos se contentaram e se urinaram de tanta risada. Mas alguém parecia triste. Era o Cágado que sem delonga questionava.
– Como pode o rei permitir que problemas domésticos desestabilizem o negócio?
– Deixa disso, aqui é assim, é o nosso mundo. – Disse a Gazela.
– Maldito Cachorrinho, todos pagaremos por isso.
Ninguém se arriscou a falar com o Leão sobre o negócio da empresa. Não era oportuno. Enquanto isso, o pendulo do relógio balançava de um lado a outro, parecia quebrado, mas todos sabiam que não estava. O sol desaparecia.
J.J.Magodana, Jornal Choraminhices.
Bonito texto resgata os valores da Narrativa Oral, em fábulas antigas muito antigas, basta lembrar de Esopo ou de Shlomo, um conquistar pelo desenho desenhado por Oralidade, e menos por Escrita, podemos das Narrativas Antigas, que começavam ao redor das fogueiras que funcionavam á base de lenha.
Construção com usa uma base mais detalhada pais antigamente caminhavam com os filhos nos Bosques e Campinas, e esse texto foi construído em meio a um Bosque
Obrigado, Jessé. Tive o privilégio de esquentar o peito na fogueira, enquanto saboreava massaroca e ouvindo contos.
Belo texto, meu amigo. Essas suas fábulas são sempre um deleite
Obrigado, Jahmaycon.